sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Seringueira surge como bons negócios para pequenos produtores

Reportagem do Jornal Diário do Noroeste, Paranavaí, domingo, 11 de maio de 2008


ALTO PARANÁ | Depois de formada, as plantas precisam de poucos cuidados e o rendimento por alqueire supera outras culturas. O único empecilho é o tempo de espera para a extração do látex desempenho
GIANCARLO FRANQUINI
Da Redação

Uma cultura muito comum na região Norte do Brasil, a seringueira, começa a chegar ao Noroeste do Paraná como uma boa opção para os pequenos agricultores. A extração da borracha tem se mostrado um bom negócio para agricultores da região. Depois de formada, as plantas precisam de poucos cuidados e o rendimento por alqueire supera outras culturas tradicionais na região, como a mandioca e o milho. O único empecilho até agora é o tempo de espera de sete anos, até que a árvore esteja pronta para extração do látex.
Em todo Paraná, são poucos os produtores de seringueira, mas a maioria está na região arenito caiuá. Alto Paraná tem hoje dois produtores, Paranavaí um, Rondon um e o maior plantio da região está no município de Paranapoema.

Otani afirma que consumo mundial tem aumentado e produção não tem
acompanhado o mesmo ritmo

O agricultor Nicio Otani é um dos mais antigos produtores de borracha da região. Ele iniciou o plantio em 1990 para substituir uma área de café, que na época atravessava uma séria crise de preços. Otani gostou tanto da cultura, que já plantou uma nova área e iniciou um viveiro para venda de mudas.
Segundo ele, o maior empecilho hoje contra a seringueira é o tempo de espera para produção. A árvore só produz após sete anos, no entanto, nesse período a área pode ser consorciada com outras culturas como mandioca e café. Depois da produção iniciada, é possível extrair borracha por 35 anos. “Nesse período de espera é possível ter outras culturas em meio à seringueira, até que ela comece a produzir”, explica.
Ele conta que o seringal precisa de um maior cuidado apenas nos três primeiros anos de vida. Após esse período, a planta se desenvolve normalmente e depois que começa a produzir, praticamente não há gastos com fertilizantes e adubo. A seringueira é rústica e o solo de arenito ainda favorece seu crescimento.
Otani tem uma área de dois alqueires com 1.850 árvores, em plena produção. Na época, ele plantou 2,2 mil árvores, mas como não tinha experiência de cultivo, algumas não vingaram. Já em uma nova área, também de dois alqueires, o produtor colocou 2,7 mil plantas, que devem entrar em produção dentro de 3 anos.
Segundo ele, cada árvore produz oito quilos de borracha por ano. Hoje, a borracha está sendo vendida por R$ 2,30 o quilo. Isso rende uma média de R$ 18,40 por árvore durante o ano. “É uma renda excelente por alqueire. A seringueira rende mais que outras culturas, principalmente, porque não há gastos com adubos e fertilizantes. Só é preciso um controle de herbicidas para controlar o mato, mas não é muito também”, revela.
De acordo com Otani, a rusticidade da planta seria seu grande trunfo, porque isso baixa o custo de produção. Ele também conta que um homem sozinho é capaz de cuidar de um seringal de dois alqueires.
O trabalho vai de setembro até junho e nos meses de julho e agosto não há produção, porque a seringueira troca suas folhas. “Não é uma cultura difícil de lidar. Eu cuido sozinho desses dois alqueires”.

Manejo da planta é simples e produção chega a oito quilos de borracha
por ano

Toda produção paranaense é comprada por empresas da região de São José do Rio Preto-SP. Conforme Otani, o maior ponto positivo hoje em relação à seringueira é o fato de que a produção mundial já está menor que o consumo.
Hoje, o Brasil só produz 30% da borracha que consome e o restante precisa ser importado da Malásia, hoje o maior produtor mundial.
“Estudos de mercado mostram que haverá falta de borracha, caso a produção não aumente. Por isso, investi em mais uma área e estamos implantando um viveiro de mudas nesse sentido”, argumenta.
Hoje, uma muda de seringueira custa R$ 4,00. Otani e mais três sócios já investiram no viveiro, que em janeiro do próximo ano estará disponibilizando cerca de 200 mil mudas para o plantio. Ele acredita que a procura só tende a crescer, tendo em vista as vantagens da cultura, principalmente para os pequenos produtores.
No Paraná, em propriedade com até 50 alqueires, onde o produtor vive nela e comprove a necessidade da renda, a seringueira também pode ser usada como área da reserva legal, de acordo com informações do IAP (Instituto Ambiental do Paraná).

domingo, 30 de agosto de 2009

CAPA
Jornal Cocamar, dezembro de 2007

Quem já tem, está contente


Produtor de Alto Paraná fatura R$ 2,7 mil mensais em apenas 2 alqueires. Animado, investe na expansão do cultivo

Produção de látex é toda vendida para uma empresa paulista, que busca
na propriedade


CLEBER FRANÇA

A seringueira, cultura ainda pouco conhecida na região Noroeste do Paraná está rendendo bons frutos, ou melhor, lucros para o cooperado da Cocamar e engenheiro agrônomo Nício Otani, de Alto Paraná, na região de Paranavaí. Dono de 5 alqueires, onde mantinha café, pasto e mandioca, ele destinou dois alqueires (4,84 hectares), a seringueira e, só com essa atividade, fatura R$ 2.700 por mês. Animado, o produtor já plantou mais 2,5 alqueires. As vantagens da heveicultura são várias: exige pouca mão-de-obra, é resistente a pragas, produz durante 10 meses do ano e, por incrível que pareça, tem vida útil de até 35 anos. “Seringais formados com mudas demoram seis anos para começar a produzir e, com sementes, oito. Uma só pessoa consegue tomar conta de 2,5 alqueires”, comenta Otani.

Em cada alqueire podem ser cultivadas 1.400 plantas. Por árvore, Otani extrai entre 5 a 10 quilos de borracha por ano, que significam, em média, 10 mil quilos por alqueire. A produção pode ser comercializada de duas formas: cernambi (tipo de borracha coagulada) com o quilo cotado a R$ 2,15 ou látex que vale R$ 1,40 o quilo. O produto é vendido na forma de látex para uma empresa paulista, que busca na propriedade.

O látex é colhido durante 10 meses do ano, com sangrias a cada três, quatro, cinco ou até sete dias – feitas nas horas mais frescas do dia. A sangria correta deve medir 43 centímetros de diâmetro, ocupando apenas meio tronco da árvore. Deve ser feita a 110 centímetros do solo.
“O mercado é garantido, uma vez que a produção não atende o consumo”, frisa o engenheiro agrônomo, lembrando que a Malásia, maior produtor mundial, está com a produção em decadência.
Otani: lucro garantido em pequena área

A produtividade pode variar de acordo com o manejo e a variedade genética de cada planta. Árvores originárias da espécie Malaia são as mais produtivas. O espaçamento indicado para o plantio é de 7 metros entre ruas e 2,5 entre plantas.
O custo médio para a implantação da cultura é de R$ 7,2 mil por alqueire para pequenas áreas e de R$ 20 mil por alqueire para grandes plantios. A espécie mais recomendada para a região Noroeste do Paraná é a RRIM-600, a mesma produzida em São Paulo. Também existem as
variedades GT-1, PR-255, PB-235 e IAM-873.